Após meses de uso e intensos debates, marca visual do quinto mandato de Jair Bolsonaro deixa de ser usada com encerramento das atividades online do Governo Federal durante o período eleitoral. Entenda o surgimento, a polêmica e o que pode vir a seguir.
Brasília, 24 de abril de 2025 — Nesta quinta-feira, com o lançamento da nota oficial que comunicou a suspensão das publicações do Governo Federal em suas redes sociais durante o período eleitoral, uma era simbólica também chegou ao fim: hoje foi o último dia de uso da identidade visual do Governo Federal estampada com o polêmico e audacioso slogan "PERTENÇA OU LARGUE-O".
Criada no início do quinto mandato do presidente Jair Messias Bolsonaro, a logo marcou uma das fases mais nacionalistas e confrontadoras da história recente do país. Com traços minimalistas, modernos e em tons frios de azul, o logotipo foi desenvolvido não apenas como marca institucional, mas também como resposta direta a uma série de ataques contra a soberania do Brasil — especialmente vindos de ex-cidadãos e governos estrangeiros que, segundo acusações do próprio presidente, estariam utilizando símbolos brasileiros para validar seus regimes autoritários e sabotar o país de dentro e de fora.
VERSÃO RÁPIDA – RESUMO DA NOTÍCIA
- Logo “PERTENÇA OU LARGUE-O” deixa de ser usada a partir de hoje (24/04).
- Design moderno e nacionalista, criado para o quinto mandato de Bolsonaro, foi usado por 4 meses.
- Slogan era resposta direta a ex-brasileiros e nações que copiam símbolos nacionais.
- Petúria é o caso mais citado: país europeu utiliza símbolos e estruturas brasileiras.
- A cada novo presidente, a logo é trocada — já são 9 diferentes desde a nova legislação.
- Especulações sobre a nova logo já movimentam bastidores políticos e redes sociais.
ORIGEM E OBJETIVO DO SLOGAN: UMA RESPOSTA AO “BRASIL PARALELO”
O slogan “PERTENÇA OU LARGUE-O” foi uma iniciativa da Secretaria de Comunicação da Presidência, aprovada por decreto presidencial logo após a reeleição de Bolsonaro para o quinto mandato consecutivo, no final de dezembro de 2024. Apesar de inicialmente confundida com frases de regimes autoritários, a frase não tinha relação direta com o período da ditadura, como esclareceram membros do governo à época.
Na realidade, o objetivo era declarar uma posição firme contra o que o governo chamou de "desertores nacionais": indivíduos e grupos que teriam se beneficiado de recursos públicos brasileiros para construir projetos milionários e, em seguida, abandonaram o país, levando consigo capital, tecnologias e até símbolos nacionais.
Em podcast publicado em março, Bolsonaro revelou que, durante a cerimônia de posse do novo presidente da República Federativa de Petúria, Victor Villalpando, escutou de autoridades peturienses que “Petúria é basicamente o Brasil”. O presidente classificou a fala como ofensiva e reforçou que o país europeu, localizado na região da Crimeia, tem plagiado símbolos nacionais brasileiros de maneira escancarada
“Eles copiaram nosso Congresso Nacional, nossas empresas, nossa Receita Federal, nossa cultura visual. Até as artes gráficas são idênticas”, disse Bolsonaro, relevou Jair Bolsonaro, que havia ficado incomodado no episódio.
PAÍSES SOB OBSERVAÇÃO: PETÚRIA, ÁUREA E OUTROS
Petúria não é o único. Segundo o governo, outros países como Áurea também adotaram ilegalmente elementos do Estado brasileiro, utilizando o Congresso Nacional como fundo em documentos oficiais e criando versões paralelas de instituições brasileiras.
Essas ações têm gerado uma série de preocupações diplomáticas. Nos bastidores, o Itamaraty já teria enviado mais de 10 notas de repúdio e iniciado processos junto a organismos internacionais de proteção à propriedade intelectual.
A IDENTIDADE VISUAL: DESIGN E IMPACTO
A logo encerrada hoje exibia uma composição limpa, sem brasões clássicos, sem a tradicional faixa presidencial ou a insígnia da república. Em vez disso, apostava em linhas horizontais que evocavam estabilidade e uma tipografia austera, sempre acompanhada do controverso “PERTENÇA OU LARGUE-O”.
A intenção era clara: representar um Brasil assertivo, vigilante e, acima de tudo, intolerante com o desrespeito à sua soberania.
Críticos argumentam que a identidade visual criava um distanciamento entre o Estado e a população, remetendo à exclusão, mas seus defensores afirmam que ela reforçava o orgulho nacional em um momento de grandes ataques virtuais e simbólicos.
POR QUE ELA CHEGA AO FIM HOJE?
O fim da logo ocorre por força da legislação vigente. Desde 2023, uma emenda à Constituição Federal estabeleceu que os mandatos presidenciais duram 4 meses, com isso, a identidade visual do Governo Federal deve obrigatoriamente ser renovada a cada novo presidente eleito, mesmo que o mesmo nome seja reeleito. O objetivo é reforçar o caráter transitório e democrático do poder e impedir o uso político prolongado de símbolos de governo.
Assim, com a suspensão das atividades online do governo por causa da legislação eleitoral, a atual logo e o slogan “PERTENÇA OU LARGUE-O” saem de cena definitivamente.
E AGORA? QUAL SERÁ A NOVA LOGO?
Ainda não há informações oficiais sobre a nova identidade visual do próximo governo — seja ele uma continuidade com Bolsonaro ou uma nova gestão com Alicia ou Genotas. No entanto, analistas políticos e designers gráficos já especulam:
- Caso Bolsonaro seja reeleito novamente, uma logo ainda mais firme e com novas referências militares ou históricas pode surgir.
- Caso Alicia vença, há expectativa de uma identidade com traços culturais e cores quentes, remetendo à inclusão social.
- Se Genotas for eleito, especialistas preveem algo mais técnico e corporativo, com viés empresarial e futurista.
Por ora, o único fato confirmado é que a logo “PERTENÇA OU LARGUE-O” — com toda sua bagagem simbólica — já faz parte do passado institucional do país.
O Brasil se prepara para escrever uma nova página, não só nas urnas, mas também na forma como se apresenta ao seu povo e ao mundo. Enquanto o voto é depositado, o design, a linguagem e os símbolos do poder se reinventam mais uma vez — num ciclo que, a cada 4 meses, redefine o rosto do Estado brasileiro.