Que fim levou a Wondstor Hotels? Ex-estatal brasileira virou empresa fantasma e agora pode ser vendida

 

EBN – Empresa Brasileira de Notícias
Data: 17 de abril de 2025
Seção: Economia, Política e Sociedade




Brasília (DF) – O que prometia ser uma vitrine internacional do Brasil para o turismo de alto padrão, transformou-se em um dos maiores exemplos de desperdício de dinheiro público da última década. Criada em 2022, ainda no governo Jair Bolsonaro, a estatal Wondstor Hotels foi lançada com o objetivo de hospedar turistas estrangeiros, chefes de Estado e delegações internacionais em uma rede luxuosa de hotéis nacionais. Três anos depois, o projeto não apenas desapareceu do radar, como se tornou uma empresa fantasma – oficialmente ativa, mas sem qualquer atividade econômica, funcionários, estrutura física ou sede.




Agora, a Central dos Fundadores anunciou que pretende abrir uma investigação ampla sobre empresas paralisadas no país. A intenção é incluir casos como o da Wondstor em um painel de venda pública de empresas inativas, para que possam ser adquiridas e reativadas por investidores privados — ou finalmente liquidadas.


VERSÃO RÁPIDA – RESUMO DA MATÉRIA

  • O que é a Wondstor Hotels? Ex-estatal criada em 2022 para turismo de luxo.
  • Por que acabou? Forte oposição política, críticas à gastança e venda polêmica ao grupo GD+.
  • O que restou? Nada além de uma logomarca e registro ativo. A empresa virou “fantasma”.
  • E agora? Central dos Fundadores quer apurar situação de empresas paradas como a Wondstor.
  • Pode ser vendida? Sim. Estuda-se colocá-la no Painel Nacional de Empresas Inativas à Venda.

O sonho de luxo do governo Bolsonaro

Anunciada com pompa em março de 2022, a Wondstor Hotels pretendia ser uma rede pública de hotéis de alto padrão. A ideia era oferecer hospedagem a turistas internacionais, autoridades estrangeiras e visitantes de alto nível sem que o Brasil dependesse de redes privadas internacionais.




Os primeiros projetos eram ambiciosos: suítes com piscinas privativas, restaurantes premiados, spas integrados, salas de conferência e helipontos. O investimento inicial ultrapassava $1.450.000 com previsão de inauguração parcial em meados de 2023.



No entanto, a proposta sofreu forte resistência da oposição, que classificou a estatal como um “capricho elitista” e um “delírio orçamentário”. A crítica mais frequente era de que o governo estava construindo hotéis com o dinheiro do povo enquanto faltavam escolas e hospitais em regiões carentes.


A venda polêmica e a demolição silenciosa

Diante da pressão política e da estagnação do projeto, o governo decidiu vender a empresa no final de 2023. Com apenas 35% das obras concluídas, o ativo foi transferido ao Grupo GD+ por um valor considerado “simbólico” por especialistas — uma “mixaria” perto do que havia sido gasto.

O grupo GD+, que atua no setor imobiliário, optou por demolir o que já havia sido construído e revender os terrenos por lotes para empreendimentos comerciais e residenciais, obtendo lucro imediato.

Desde então, a Wondstor Hotels não construiu mais nada, não abriu sedes e não apresentou atividade econômica registrada. Curiosamente, a empresa ainda existe no sistema federal, ativa, com CNPJ válido e logotipo intacto nos registros da Junta Comercial.


O novo foco da Central dos Fundadores

Diante da situação da Wondstor e de outros casos semelhantes, a Central dos Fundadores articula a criação de um grupo técnico de apuração das chamadas “empresas zumbis”: negócios legalmente ativos, mas sem qualquer operação visível.

A proposta é simples: se a empresa não possui estrutura, sede, funcionários nem atividade há mais de 12 meses, ela pode ser incluída no Painel Nacional de Empresas Inativas à Venda. O painel já é usado para facilitar a compra de empresas falidas, mas agora poderá ser ampliado.

O relator da iniciativa, Ministro Jair Bolsonaro, afirma que “o caso Wondstor é emblemático, mas está longe de ser único. Há centenas de empresas ativas apenas no papel que ocupam espaço jurídico, fogem de tributação ou travam bens sem função.”


A burocracia da falência invisível

Um dos problemas mais complexos, segundo especialistas, é o vácuo legal entre a paralisia total de uma empresa e a declaração oficial de falência. Sem que alguém solicite judicialmente a quebra, empresas como a Wondstor ficam intocadas, mesmo sendo completamente inoperantes.

“É uma zona cinzenta do direito comercial. A empresa não faliu, não opera, não paga tributos, mas também não presta serviço algum. É o pior dos mundos”, afirma o jurista e professor Gabriel Ávila.


Potencial de reativação

Apesar da situação, há interesse do mercado em adquirir empresas com CNPJ limpo, registro federal ativo e possibilidade de reorganização. A própria Wondstor, mesmo com nome desgastado, poderia ser reativada por algum grupo que desejasse investir em turismo — ou simplesmente rebatizada e usada como base para outro negócio.

O governo estuda mecanismos para que o Painel Nacional de Empresas Inativas à Venda se torne um ambiente mais transparente, com condições especiais de aquisição, parcelamento de débitos e estímulos à reabertura de negócios.


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