Niterói viveu um pesadelo por quase dois anos com o Plaza Shopping. Agora, após o caos, a prefeitura reconstruiu o empreendimento, gastou mais de $2.150.000 dólares do Bloxburg e jura que nunca mais privatiza.
A HISTÓRIA QUE ABALOU A ECONOMIA E O ORGULHO DE NITERÓI
O Plaza Shopping Niterói, situado na prestigiada Avenida Jair Messias Bolsonaro, em frente à luxuosa Praia de Icaraí, foi um projeto ambicioso da prefeitura de Niterói, fundado com fundos do Ministério da Reconstrução Nacional em 2023, durante o governo do então presidente Caua Rodrigues. Com um investimento inicial de $7.000.000 dólares do Bloxburg, a cidade criou a estatal Plaza Shoppings BBR e rapidamente buscou privatizar o empreendimento.
![]() |
[Foto da primeira privatização feita do Shopping Plaza em 2023] |
A primeira tentativa de privatização veio apenas três meses depois da fundação da empresa. O shopping foi vendido ao cidadão local conhecido como Scissor, por apenas $175.000 dólares. O resultado foi catastrófico: o prédio passou a exibir um visual precário e abandonado, com apenas o primeiro andar funcional. Os demais andares não tinham sequer chão — escadas rolantes levavam ao nada. Scissor desapareceu do país e deixou a estrutura em ruínas.
VERSÃO RÁPIDA — ENTENDA OS PRINCIPAIS PONTOS DESSA HISTÓRIA:
- Privatização sem cláusulas destruiu a economia e o visual da área mais cara de Niterói.
- Três tentativas de privatização falharam. Uma delas foi para Guilherme Alcântara Bolsonaro.
- Shopping ficou abandonado, sem segurança, com prédios demolidos e estrutura precária.
- Prefeitura foi derrotada mais de 10 vezes na justiça tentando recuperar o imóvel.
- Nova Constituição Municipal criou base legal para desapropriar imóveis abandonados.
- Shopping foi finalmente retomado e reconstruído com $2.150.000 do Bloxburg.
- Hoje abriga empresas como McDonald’s, IMAX, Burger King, Tenore e mais.
- Prefeitura promete: “Nunca mais será privatizado”.
A SEGUNDA PRIVATIZAÇÃO: UM PESADELO MAIOR QUE O PRIMEIRO
Após a saída de Scissor, a prefeitura enxergou uma nova oportunidade: em janeiro de 2024, o Plaza foi vendido ao então ministro das Relações Exteriores, Guilherme Alcântara Bolsonaro, por $250.000 dólares. Guilherme prometeu investir mais de $560.000 na reforma do shopping, mas logo tudo se transformou em pesadelo.
Dois meses após a compra, não apenas nenhuma obra foi realizada, como Guilherme decidiu demolir, sem autorização, uma agência da Caixa Econômica Federal e um estúdio da Globo, onde era transmitido o RJTV, alegando que o espaço "seria usado para o shopping". O prédio ficou abandonado, os andares deteriorados, e a imagem da cidade de Niterói manchada nacionalmente.
O ERRO FATAL: UMA PRIVATIZAÇÃO SEM CLÁUSULAS
O maior erro da prefeitura foi não estabelecer nenhuma cláusula de reversão ou exigência mínima na transferência. A suposta concessão na prática foi uma privatização total. Sem mecanismos legais de retorno da posse, Guilherme tornou-se proprietário único e vitalício do empreendimento. O abandono gerou uma fuga em massa de comércios da cidade, causando prejuízos milionários.
![]() |
[Uma das empresas que sairam da cidade, A Tenore, que se instalou em Curitiba depois da saida] |
A prefeitura foi à Justiça: perdeu cinco vezes no TJ-RJ, três na Justiça Federal, duas na Vara Criminal Estadual e até uma vez na Central dos Fundadores. Nada adiantava.
A VIRADA: A NOVA CONSTITUIÇÃO MUNICIPAL E O PLANO DE GUERRA LEGAL
Em julho de 2024, a Câmara Municipal de Niterói aprovou sua primeira Constituição Municipal, apelidada de "Lei Complementar do Município de Niterói". Escondido entre os artigos estava um novo código de desapropriação para imóveis abandonados.
Segundo a lei, imóveis abandonados por mais de 7 semanas poderiam ser notificados 10 vezes pela prefeitura. Sem resposta, um agente fiscal verificaria a situação. Confirmado o abandono, a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo abriria uma ação judicial para desapropriação com base na Constituição Federal.
Além disso, a prefeitura alterou secretamente o Código Tributário, inserindo impostos progressivos para empresas inativas. O Plaza Shopping, já inadimplente, passou a acumular uma dívida crescente. Com sete semanas de atraso nos impostos, o caso se enquadrava como sonegação fiscal — com pena de prisão.
O AGENTE FISCAL CAI EM UM BURACO
Após as notificações ignoradas, a prefeitura enviou o agente fiscal ao local. A visita foi dramática: o fiscal caiu em um buraco no primeiro andar da escada rolante. Preso nos escombros, precisou ser resgatado pelos bombeiros e hospitalizado. O laudo técnico foi contundente: “risco iminente de desabamento e colapso estrutural”.
O prédio foi imediatamente interditado. A população aplaudiu. Um cartaz oficial estampava a entrada: “INTERDITADO!”
O CAOS POLÍTICO E A VITÓRIA JUDICIAL
Guilherme tentou resistir. Acusou a prefeitura de perseguição e corrupção. Mas agora, diferente do passado, a nova lei municipal dava base sólida à prefeitura. A batalha judicial foi intensa, mas semanas depois, o Plaza Shopping voltou para o controle estatal.
A RESSURREIÇÃO: INVESTIMENTO E RECONSTRUÇÃO TOTAL
A primeira ação da prefeitura foi demolir tudo. Nada restou da estrutura anterior. Um novo projeto moderno e futurista foi lançado: hall central de luxo, elevadores panorâmicos, praça de alimentação internacional, sistema anti-incêndio de última geração e arquitetura minimalista.
O investimento público foi de $2.150.000 dólares do Bloxburg.
Para atrair lojistas, o município anunciou um subsídio de até $500.000 dólares para empresas abrirem lojas no shopping, como forma de reparar os prejuízos anteriores. Resultado: um sucesso absoluto.
A VOLTA DOS GIGANTES: NOVAS LOJAS E NOVA VIDA PARA NITERÓI
As empresas começaram a chegar:
- IMAX CINEMAS
- POP+ (pipocas artesanais)
- CHOCOTONE LUXE (chocolates finos)
- Tenore Churrascarias
- ICE BRASIL (pista de patinação no gelo)
- McDonald’s
- Burger King
- Supermarket
- E muitas outras.
Com isso, a arrecadação de impostos comerciais disparou, a prefeitura reinvestiu os lucros em obras públicas e a cidade renasceu. O prestígio da Avenida Jair Messias Bolsonaro foi restaurado.
LIÇÃO APRENDIDA: O SHOPPING AGORA É DEFINITIVAMENTE ESTATAL
Após tantos erros e aprendizados dolorosos, a prefeitura foi categórica:
“O Plaza Shopping nunca mais será privatizado.”
O episódio do Plaza Shopping servirá como lição histórica para todo o Brasil. Privatizações mal feitas podem não apenas falhar — podem arruinar cidades inteiras. A chave está nos termos, na transparência e na responsabilidade com o bem público.
O Plaza renasceu. Niterói também. E agora, uma cidade inteira dorme em paz.