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Rio de Janeiro - RJ (BBR)
3 de dezembro de 2025
A construção do CSC BBR, primeiro navio de cruzeiro 100% brasileiro e aposta da Clear Sky Cruises para transformar o setor marítimo nacional, segue avançando em ritmo intenso, mas desperta crescente preocupação entre analistas e investidores por um detalhe técnico decisivo: o chamado “alinhamento milimétrico” dos módulos estruturais.
Versão rápida
Clear Sky Cruises monta o CSC BBR a partir de módulos prontos, mas pequenas falhas de alinhamento podem exigir desmontagem e remontagem de partes inteiras, elevando drasticamente os custos. O módulo de vidro panorâmico na popa, avaliado em 150 mil dólares, já apresenta discrepâncias graves de encaixe que podem obrigar a empresa a refazer trechos inteiros da estrutura.
Construção modular e falhas de alinhamento
O CSC BBR está sendo erguido em sistema modular: grandes blocos estruturais são produzidos de forma independente e posteriormente unidos, o que acelera a obra, mas aumenta a chance de pequenas discrepâncias geométricas entre as partes. Segundo a Clear Sky Cruises, falhas quase invisíveis a olho nu são consideradas “normais” em projetos desse tipo, motivo pelo qual a empresa afirma estar priorizando a união geral do casco para, somente depois, iniciar os ajustes milimétricos.
Especialistas consultados avaliam, porém, que essa escolha estratégica transfere o problema para uma fase mais cara e delicada da obra: quanto mais módulos já estiverem acoplados, maior o custo de qualquer correção estrutural. Em cenários extremos, será necessário desmontar módulos inteiros, retificar pontos de encaixe e reinstalar componentes, operação que consome tempo, mão de obra qualificada e materiais de alto valor.
O caso crítico do módulo panorâmico da popa
O exemplo mais preocupante encontrado até agora está no módulo da popa que abriga a grande parede de vidro panorâmico, concebida para oferecer vista privilegiada ao mar e se tornar um dos ícones visuais do navio. De acordo com análises técnicas preliminares, o conjunto de vidro foi fabricado em um único bloco errdamente,e, ao ser girado para encaixe definitivo, um dos lados atingiu o ângulo correto, enquanto o outro ficou visivelmente elevado, criando um desalinhamento estrutural.
Na prática, isso faz com que partes do módulo de vidro quase invadam o espaço dos outros segmentos estruturais, gerando atrito e interferências graves de encaixe entre as peças. A consequência é um desajuste que não afeta apenas a estética, mas também o acoplamento do módulo com o restante do casco, exigindo correção complexa.
Risco financeiro com o vidro panorâmico
Somente o módulo dos vidros panorâmicos da popa é avaliado em cerca de 150 mil dólares do bloxburg, valor que não inclui eventuais custos adicionais de desmontagem, retrabalho e reinstalação. Analistas alertam que, caso seja necessária a remoção completa do módulo para correção do ângulo e reenquadramento das peças, a fatura pode multiplicar-se rapidamente, sobretudo se forem identificados danos em estruturas metálicas, vedação ou fixadores específicos.
Há ainda o temor de que esse caso exponha um problema sistêmico nos demais módulos, o que poderia levar a uma sequência de revisões estruturais e atrasos sucessivos no cronograma do CSC BBR. Em um projeto já pressionado por prazos e sob escrutínio de investidores internacionais e nacionais, qualquer necessidade de refazer partes inteiras da embarcação tende a pesar diretamente na saúde financeira da Clear Sky Cruises.